P S 9 M U D A N D O V I D A S

Karol Mineira

Em 2017 fui pra São Paulo  com intuito de estudar, seguir uma carreira com estabilidade assim que  cheguei e estava me acostumando a vida de SP  eu comecei a sentir falta  do futebol, faltava algo.

Então procurei alguma  escolinha no Facebook, encontrei a página do PS9,  cheguei a conversar como Luiz mas não compareci  ao projeto, prometi que iria focar nos estudos sem  distração.

Em 2018 estava no final do curso quando eu não aguentava mais ficar sem  futebol e ai decidi que dessa vez iria, já a que o  curso estava acabando,  estava bem, mas não estava feliz faltava algo. Comuniquei a minha Tia  pois ela junto aos meus avós me criaram e foi ela  que me ajudou quando eu  estava em São Paulo. Então entrei em contato de novo com o Luiz, pedir  desculpas por não ter comparecido da primeira  vez e que me desse uma oportunidade, que eu iria  agarrar, não iria decepcioná-lo ele disse  que poderia ir, então eu  fui.

No início achei q só iria  pra poder me distrair porém os sonhos me  colocaram em um caminho diferente, eu  comecei acreditar na possibilidade de realizar.  Luiz me levou pra Portuguesa fiquei sendo  avaliada por meses, não  podendo comer mais que o necessário pra poder ir treinar, cheguei a uma  fase que deixava de comer pra poder pagar  passagem pra ir aos treinos de lá, e a resposta  que tive foi um não. Não  desisti fiquei somente no  projeto, foi quando tudo começou a ficar difícil, então disse ao Luiz – Não  consigo mais me manter  aqui, não dá o aluguel é  muito caro não estou conseguindo emprego, terei que voltar pra casa.  O Luiz disse:

“Calma Mineira, eu tenho uma casa, ano que vem vamos  jogar o Paulista e eu vou eu vou fazer a casa de atleta”,

…a esperança voltou ao meu coração.

Em novembro de 2019, ele mobiliou a casa e colocou as chaves em minhas mãos. Continuei treinando firme, pra quando a oportunidade chegar eu estivesse pronta.

No começo de 2019, o Luiz foi até a casa de atleta comunicar que por irresponsabilidade de outros não iríamos mais jogar o Paulista. Eu e as outras meninas desabamos por dias. Não faria mais sentido manter a casa de atleta ele poderia mandar a gente ir embora, mas disse que poderíamos ficar e continuar lutando. Eu vi todas indo só eu e a Dê ficando.
Continuamos procuramos serviço pra nós manter, ela entregava marmita e eu planfetava. O Luiz arrumava ajuda, trabalhava de Uber pra poder nos ajudar, buscava várias alternativas, o tio
Fábio nos patrocinava com mistura, tudo isso eles faziam pra gente não desistir. As tias, mães das meninas com quem a gente jogava nos ajudava também, nos convidava pra almoçar, arrumava cestas. Os vizinhos ajudaram com rifas.

E deu no que deu, a gente não desistiu continuamos esperando a oportunidade.

Em março, recebemos a notícia que íríamos participar de uma grande competição, a “Taça das Favelas“. Quando eu perdi posição e fui pra reserva, havia relaxado, não era mais uma das primeiras a chegar, não me esforçava mais, as dificuldades só aumentavam. No início da Taça eu era reserva, eu ficava muito mal com isso, irritada mas n fazia nada pra mudar aquilo, foi quando a ficha caiu de que eu não estava me dedicando como antes. Voltei a chegar mais cedo, a fazer treino extra. No terceiro jogo voltei a ser titular, voltei a fazer gols
e assim aconteceu. Nós vencemos a Taça, vivemos o sonho de jogar em um estádio lotado, eu sabia que seria uma das artilheiros, mas a melhor
jogadora não tinha noção.

Minha equipe era muito completa e intensa foi incrível viver aquilo do lado de todas. No PS9 eu via que não era só futebol, era uma família, vi Luiz fazendo coisas que ninguém fazermos por um bando de meninas mulambentas, umas que ele nem sabia da origem de onde vieram, mas via a
união que era e me sentia bem, eu desejava viver aquilo todos os dias e assim aconteceu. Foi um ano e meio no PS9.

Através da Taça, consegui uma avaliação no Corinthians, sem sucesso, outro não havia tomado. Até o Luiz me indicar a Rosely, ela mesmo ex-jogadora da seleção que atualmente era coordenadora do Audax. Fiz avaliação e passei me despedi do PS9, estava com medo pois era um novo caminho mas eu fui.

Foi muito diferente tive bastante dificuldades para adaptar, porém aprendi muito. O Audax daquele ano não durou no Brasileiro e eu também tive  poucas oportunidades de atuação.

Fiquei de Setembro até Novembro de 2019 sem time, nesse tempo voltei a vestir a camisa do PS9 em alguns jogos e campeonatos.

Em janeiro de 2020, o Audax me contatatou, voltaria pro time. Jogamos 5 jogos, fui titular nos 5. Seria meu ano eu dizia pra mim, precisava de material. Porém, com a pandemia tudo parou. Voltamos em Agosto.

Com más atuações do time a comissão foi alterada. O Audax fez parceria com o Juventus, meu mundo caiu, achei que não teria mais chances pois o Juventus tinha um time completo.

Consegui vaga no time, terminamos o brasileirão A1 e a diretoria do Juventus me comunicou o interesse, então fiquei no Juventus até o fim do ano de 2020.

Hoje tenho um contrato com o América Mineiro de Belo Horizonte – MG.

“Sou muito grata pelo que vivi, grata ao Luiz por ter me apoiado por ter me incentivado e me ajudado a continuar, porque mesmo ele estando com
dificuldades me ajudou quando eu tbm estava.

Sou muito grata pelas pessoas que me ajudaram, o PS9 me mostrou que não é só futebol, as meninas do novo me mostraram que não é um time.”

Maria Clara Scopino

Tenho 18 anos e nasci e cresci na zona norte de São Paulo.

Atualmente  sou estudante-atleta em uma  as melhores escolas da  Ásia – British Internacional School of Phuket. Cheguei  a Tailândia por uma bolsa esportiva que consegui através do futebol. Mas antes disso, eu jogava pelo Projeto Social 9 no Brasil.

Cheguei ao projeto com 16  anos. Lá eu tive a chance de desenvolver  meu futebol, aprimorar a minha técnica e crescer tanto  como jogadora, como pessoa. Sou muito grata pela oportunidade que o PS9 e o treinador Luiz Souza me  deram.

O Projeto foi a minha base para conseguir realizar o meu sonho de jogar e estudar fora do país.  Eu acredito no Projeto, e sei que através dele, várias  meninas, assim como eu, recebem uma chance de construir o seu futuro.”

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